sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Atividades Humanas e Terapia Ocupacional


O uso das “atividades terapêuticas” é encontrado desde meados do século XIX e início do século XX. Orientadas por médicos, encontravam-se principalmente como sendo parte da rotina institucional asilar. Nos anos 1960 outra forma de compreensão das atividades veio acrescentar-se, forma esta que, sob influência médica e psicológica, buscava um aval científico no campo da Terapia Ocupacional. Observa-se então, nos EUA, uma crescente especialização da Terapia Ocupacional na área da reabilitação física. Nessa fase, a lógica do tratamento do paciente psiquiátrico também sofreu alterações, direcionando-se à reabilitação psicossocial dessas pessoas ( CASTRO, LIMA & BRUNELLO, 2001).

Essas autoras nos encaminham à reflexão de que, nesse contexto, no Brasil, a Terapia Ocupacional buscava formar profissionais que atuassem conforme a necessidade do indivíduo. Entretanto esses profissionais encontravam, nas instituições nas quais passavam a atuar, um conceito de “atividades” ainda arraigado nos preceitos do “Tratamento Moral” proposto por Pinel. A lógica das atividades sem significado e não direcionadas às necessidades da pessoa prevalecia à essa nova proposta de trabalho.

A partir de então diversos estudiosos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais da área da saúde, observaram a necessidade de repensar as formas de emprego das atividades no setting terapêutico, procurando desconstruir a relação imediata vigente entre atividade e terapeuticidade.

Nos anos 1970/80 observa-se então uma busca de um novo modo de olhar a prática da Terapia Ocupacional, sob a influência de dois movimentos importantes: a luta pelos direitos dos deficientes físicos e pela desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos. Passa-se então a conceber as atividades humanas como constituídas por um conjunto de ações que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidades e estabelecem mecanismos internos para sua realização. Elas podem ser desdobradas em etapas, configurando um processo na experiência da vida real do sujeito.

A linguagem da ação é um dos modos de conhecer a si mesmo, de conhecer o outro, o mundo, o espaço e o tempo em que vivemos, a nossa cultura. As atividades dão forma e estrutura ao fazer das pessoas, estabelecendo um sistema de relações que envolvem a construção da qualidade da vida cotidiana. E a qualidade da vida cotidiana nada mais é que a percepção subjetiva do sujeito sobre seu bem estar e sua condições de vida.

O cotidiano não é a rotina, nem a mera repetição automatizada de movimentos ou ações que levem um fazer por fazer, segundo FRANCISCO (2004) é o espaço individual onde buscamos praticar nossas atividades de forma criativa e transformadora, é o "nosso" espaço, na vida!


Referências:

* CASTRO, Eliane Dias de; LIMA, Elizabeth M.F. de Araújo; BRUNELLO, Maria Inês Brito. Atividade Humanas e Terapia Ocupacional. In: DE CARLO, Marysia .M.R. do Prado; BARTALOTTI, Celina Camargo. Terapia Ocupacional no Brasil: Fundamentos e Perspectivas. São Paulo: Plexus, 2001. Cap.2.

* FRANCISCO, Berenice Rosa. Terapia Ocupacional. 3ª ed. Campinas: Papirus, 2004.

2 comentários:

  1. Adorei seu blog Adrianna. Também sou acadêmica de Terapia Ocupacional e uma amiga me contou desse "novo espaço" da Terapia Ocupacional na Net. Parabéns! EStarei acompanhando seus posts, um abraço!

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  2. Olá Adrianna, muito obrigada pela visita ao meu blog! Parabéns também pelo seu!!! Fico feliz ao ver, cada vez mais, a presença da Terapia Ocupacional na net =). Abraços!

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