(Augusto Jorge Cury)
“Na sociedade moderna o ser humano vive ilhado dentro de si mesmo, envolvido num mar de solidão.
A solidão é drástica, insidiosa e silenciosa.
Falamos eloqüentemente do mundo em que estamos, mas não sabemos falar do mundo que somos, de nós mesmos, dos nossos sonhos, dos nossos projetos mais íntimos.
Não sabemos discorrer sobre nossas fragilidades, nossas inseguranças, nossas experiências mais íntimas.
O homem moderno é prolixo para comentar o mundo em que está, mas emudece diante do mundo que é.
Por isso, vive o paradoxo da solidão.
Trabalha e convive em multidões, mas, ao mesmo tempo, está isolado dentro de si mesmo.
Muitos só conseguem falar de si mesmos diante de um psiquiatra ou de um psicoterapeuta, os quais têm tratado não apenas de doenças psíquicas, como depressões e síndromes do pânico, mas também de uma importante doença psico-social: a solidão.
Porém, não há técnica psicoterapêutica que resolva a solidão.
Não há antidepressivos e tranqüilizantes que aliviem a sua dor.
Um psiquiatra e um psicoterapeuta podem ouvir intimamente um cliente, mas a vida não transcorre dentro dos consultórios terapêuticos.
O palco da existência transcorre lá fora.
No terreno árido das relações sociais é que a solidão deve ser tratada. Lá fora é que o homem deve construir canais seguros para falar de si mesmo, sem preconceitos, sem medo, sem necessidade de ostentar o que se tem.
Falar demonstrando apenas aquilo que se é...
O que somos? Somos uma conta bancária, um título acadêmico, um status social? Não. Somos o que sempre fomos, seres humanos.
As raízes da solidão começam a ser tratadas quando aprendemos a ser apenas seres humanos.”
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